Queijo ganha guerra à crise
O queijo é uma das iguarias nacionais mais apreciadas de norte a sul do País. Rara é a região que não tem tradição num ou mais géneros de queijo. Entre os mais apreciados estão os queijos alentejanos, com destaque para os produtos de origem protegida, nomeadamente em Serpa e também em Nisa.
No caso do produto nascido a partir das ovelhas criadas no Baixo Alentejo, são poucos os portugueses que ainda não ouviram falar do queijo de Serpa, afamado pela sua textura amanteigada e pelo sabor intenso e travo picante. Um produto de qualidade e denominação de origem protegida (DOP) que nasce no interior sul mas que ganha cada vez mais adeptos (e quota de mercado) em todo o Portugal. "É um queijo de alta qualidade, acima de qualquer queijo nacional nesta gama dos queijos amanteigados", refere ao Correio da Manhã José Guilherme, de 35 anos, um dos principais produtores e que inclusive viu recentemente o seu queijo de Serpa DOP ser galardoado em Santarém com a medalha de ouro no concurso nacional de queijos tradicionais.
Instalado no mercado desde 2001, José Guilherme é um dos 15 produtores de queijo de Serpa no concelho com o mesmo nome. Na sua queijaria no Monte Vale de Faia, entre Serpa e Vila Nova de São Bento, trabalham 25 pessoas – e de lá saem, além do queijo de Serpa, vários queijos de ovelha amanteigados e curados, queijos de cabra curados e frescos ou almece (soro) e requeijão de ovelha.
Em 2010, a produção da empresa de José Guilherme foi de 200 toneladas de queijo, mais 10% que no ano anterior. Uma evolução que, apesar da crise, o empresário conta manter este ano, gerando um volume de negócios a rondar os 1,7 milhões de euros.
Com clientes em todo o Sul do País, com destaque para os grupos Sonae e El Corte Inglés, para onde envia cerca de 10% da sua produção anual, os queijos de José Guilherme também já chegaram ao estrangeiro, sobretudo à Suíça, Espanha, Holanda, Angola e Timor. Ainda assim, a taxa de exportação pesa apenas cinco por cento nas contas finais.
Os tempos que se avizinham não são animadores, mas o produtor José Guilherme está optimista em relação ao crescimento do sector (ver entrevista), tanto que vai passar "das palavras à acção" e investir 1,5 milhões de euros na ampliação da sua queijaria, no sentido de aumentar em cerca de 25% a sua produção anual.
NISA PRODUZ 220 MIL QUEIJOS CERTIFICADOS
Produzido no norte alentejano, paredes-meias com a Beira (distrito de Castelo Branco), o queijo de Nisa apresenta-se também nos escaparates como um dos géneros mais famosos e procurados pelos apreciadores.
Actualmente, há no distrito de Portalegre cinco unidades a produzir queijo certificado de origem protegida.
Em 2010, segundo dados da Natur-Al-Carnes, empresa que controla a certificação deste produto, foram produzidos perto de 220 mil queijos, com um peso total superior a 77 toneladas. O leite utilizado na produção é proveniente de 25 produtores, todos situados na região.
DISCURSO DIRECTO
"COMPRA-SE MAIS O QUE É NACIONAL": José Guilherme, Produtor de queijo de Serpa
CM – A crise veio afectar o negócio?
José Guilherme – Apesar da crise, sinto que há um aumento significativo do consumo de produtos nacionais, e isso também se reflecte nos queijos. Compra-se mais o que é nacional.
– Está então numa fase de expansão?
– A empresa têm vários projectos com vista ao aumento da produção. Não nos podemos queixar, porque já vendemos bastante, e até podemos vender mais, porque continua a haver procura.
– Qual é o segredo dos vossos queijos?
– Além do processo que respeita as tradições, o segredo está na qualidade dos produtos utilizados, com destaque para o leite de ovelha produzido no Baixo Alentejo.
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