António Serra, doente com leucemia aguda, chega a aguardar mais de 24 horas para que lhe seja feita uma transfusão de plaquetas.
A sobrevivência de António Gaizinho Serra depende da transfusão de plaquetas que faz todas as semanas no Hospital de Beja. O homem de 80 anos sofre de leucemia aguda e todas as terças-feiras se desloca de Pias, concelho de Serpa, onde vive, à capital de distrito para efectuar o tratamento.
Fátima Serra, filha do idoso, que o acompanha todas as semanas, diz que o pai chega a estar “seis, sete ou oito horas sentado numa cadeira à espera do tratamento”.
A rotina acontece há 4 anos e ainda assim há um “pesadelo” que se repete.
“Quando chegamos aqui nunca há plaquetas para ele”, lamenta Fátima Serra. “Se as plaquetas não chegarem até à hora de fecho do Hospital de Dia (17h30), o meu pai tem de passar para o Serviço de Urgência”, conta a filha do doente e acrescenta que tal ainda não chegou a acontecer porque os dois acabam por voltar para Pias sem o tratamento e regressar no dia seguinte. Com isto, o idoso chega a estar mais de 24 horas sem fazer o tratamento. Situação que “deixa o meu pai bastante debilitado devido ao sangramento por plaquetas baixas”.
A família procura uma explicação para a situação que considera “inadmissível”. Segundo Fátima Serra, o idoso tem de estar no Hospital logo pela manhã para efectuar análises. De acordo com a mulher, só depois de serem conhecidos os resultados dos exames é que são pedidas as plaquetas a Évora ou a Lisboa.
A família do doente já participou a situação à Ordem dos Médicos, deixou várias reclamações no Gabinete do Utente e escreveu cartas ao Concelho de Administração (CA) do Hospital, liderado por Margarida Silveira e José Gaspar, solicitando a resolução do problema. “Nunca obtive qualquer resposta, nunca me disseram nada. Sinto que estão a querer vingar-se de mim por eu ter feito estas reclamações”, desabafa Fátima Serra. A mulher não tem dúvidas em afirmar que o pai “tem sido muito mal tratado neste Hospital”.
A família de António Serra sente-se negligenciada e afirma que vai processar a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA).
Contactada pela Rádio Pax, o CA confirma que o idoso é utente do Hospital mas, “por se tratar de questões de natureza clinica, não fornece qualquer tipo de informação pública”.
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