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terça-feira, 21 de maio de 2013
“Serpa não investe apenas na cultura” Entrevista de Tomé Pires Ao Diario Do Alentejo
Tomé Pires é um dos mais recentes presidentes de Câmara do Alentejo e um dos mais jovens candidatos ao próximo ato eleitoral. Aos 36 anos, este engenheiro civil natural de Pias, é o cabeça-de-lista da CDU à Câmara Municipal de Serpa. Uma autarquia que assumiu em novembro último, após a saída de João Rocha. Tomé Pires diz que a palavra-chave da sua candidatura é “continuidade”, que Serpa não é apenas cultura e que o maior problema do seu concelho é o desemprego.
Texto Paulo Barriga Fotos José Serrano
Assumiu a presidência da Câmara de Serpa em novembro de 2012, após a saída de João Rocha. Como é que encontrou a autarquia?
Encontrei a autarquia no estado em que estão a maioria das autarquias neste momento: com muitas dificuldades para cumprir todas as suas obrigações e para dar resposta a situações sociais muito complicadas que infelizmente são transversais a todo o País, principalmente a falta de emprego. No entanto, encontrei uma autarquia dinâmica e sempre com vontade de dar resposta a tudo aquilo que lhe compete e, por vezes, até excedendo um bocado as suas competências.
Em termos financeiros, Serpa foi dos municípios do Baixo Alentejo que mais se endividou nos últimos três anos. As contas estão controladas neste momento?
Estão controladas, caso quem nos deve também pagar a tempo e horas. Quanto aos empréstimos bancários, hoje em dia estamos acima do limite de endividamento. Mas quando contraímos o último empréstimo de cerca de quatro milhões e 200 mil euros, ficámos com cerca de oito milhões de empréstimos. Nessa altura, a capacidade de endividamento era de 12 milhões de euros. Ou seja: estávamos com cerca de 60 por cento do que poderíamos pedir ao banco. Ainda no tempo do governo PS, essa capacidade de endividamento foi alterada de 12 para seis milhões de euros. Logicamente que ficámos acima…
E no que se refere a dívidas aos forne-cedores?
Aí, de facto, subimos um bocadinho. Estamos na fase final de concretização das obras candidatadas ao QREN. Sabendo nós que se abandonássemos qualquer uma dessas obras a meio do percurso iríamos pagar indemnizações, entendemos que tínhamos de as levar até ao fim, mesmo tendo em conta o decréscimo do financiamento. De salientar que a nossa referência era o Orçamento do Estado de 2010, no qual as transferências para a Câmara de Serpa caíram mais de quatro milhões de euros. Quando nos candidatámos não contávamos com esta descida…
Sente que o “peso” do anterior presidente da câmara, que esteve 33 anos à frente dos destinos de Serpa, ainda se faz sentir com intensidade?
Claro que o presidente João Rocha continua a marcar e irá marcar não só o concelho de Serpa, mas todo o Alentejo, por ter liderado durante muito tempo uma autarquia onde realizou um bom trabalho. Trabalho esse que foi sucessivamente reconhecido pela população do concelho e também a nível nacional, quando foi várias vezes considerado o autarca do ano. Sinto esse reconhecimento e ainda bem que as pessoas dão conta dele, porque João Rocha continua a fazer parte do projeto autárquico da CDU. Fico satisfeito por isso.
É um dos mais jovens candidatos autárquicos do Baixo Alentejo. Qual vai ser a sua marca pessoal, o seu projeto, em termos de programa eleitoral. Podemos falar em renovação ou em continuidade?
A palavra-chave é continuidade. Sendo que temos de nos adaptar à realidade atual e temos de centrar ainda mais energias num ou noutro campo. Um dos principais problemas do nosso concelho, da região e do País é o desemprego. Temos de trabalhar ainda mais no sentido de poder contrariar um pouco este crescendo. Podemos fazê-lo principalmente apostando em parcerias e melhorando as condições para as empresas que se queiram instalar no concelho. Serpa tem um quarto do seu território abrangido pelo regadio do Alqueva. Vamos criar condições para que esses produtos possam também ser aqui transformados. Mas claro que a questão económica nunca pode ser dissociada das questões social e cultural.
Uma das acusações recorrentes ao executivo serpense é precisamente o investimento excessivo e exclusivo que a Câmara fará na área da cultura. Aceita essa crítica?
Claro que não aceito. Provavelmente somos o único concelho do distrito que tem três zonas industriais espalhadas pelo seu território. Isso não é cultura. Os três últimos grandes projetos que foram concluídos ou estão em fase de conclusão são uma creche em Serpa, outra em Vila Nova de São Bento e uma Unidade de Cuidados Continuados. Estamos a falar em mais de meio milhão de euros investidos na área social. O que é uma prova concreta de que Serpa não investe apenas em cultura, mas em diferentes áreas, de forma integrada.
De qualquer forma, a aposta na cultura é evidente. O desenvolvimento sustentável da cidade e do concelho passa por aí?
O desenvolvimento sustentável só é possível se recorrermos aos nossos recursos endógenos e, felizmente, tivemos a sorte de os nossos antepassados nos terem deixado um vasto legado cultural. O projeto autárquico da CDU tem tido sempre a preocupação de aproveitar ao máximo a nossa cultura, salvaguardando o nosso património material e imaterial. Pretendemos com esta abordagem trazer pessoas a Serpa para usufruírem da nossa cultura. De certeza que esta estratégia continuará a dar frutos, porque já os dá. Queremos associar outros projetos privados ao Musibéria ou à Casa do Cante que possam vir a dar mais empregos e possam vir a dar mais reconhecimento ao nosso concelho.
Serpa liderou de alguma forma a candidatura do cante a Património da Humanidade. Em que pé é que está essa candidatura?
Serpa fez o papel que devia fazer: empenhou--se ao máximo nesta candidatura e possivelmente o nome de Serpa apareceu mais visível do que o de outras autarquias, porque o início desta candidatura teve origem numa outra, a de Serpa cidade criativa na área da música. Foi o próprio embaixador de Portugal na Unesco que sugeriu a candidatura do cante alentejano e foi a partir daí que se desenvolveu todo o processo. Serpa teve condições e teve vontade de se empenhar desde o início. Houve outras autarquias que apoiaram, outras nem tanto e até se insurgiram contra a candidatura.
Muitas vozes se levantaram contra este “excessivo” protagonismo de Serpa…
Não aceito essas críticas porque Serpa desempenhou o papel que tinha de desempenhar. Aqueles que criticam Serpa pelo que fez e faz pelo cante deviam primeiro fazer tudo o que é possível para salvaguardar esse património no seu próprio concelho. Serpa tem 14 grupos corais no ativo, há cinco anos que leva o cante às escolas do primeiro ciclo onde estão envolvidas mais de 300 crianças, criámos a Casa do Cante, onde queremos reunir todos os grupos corais que se queiram a nós associar, os grupos corais podem gravar os seus trabalhos a preços simbólicos no Musibéria… Se todos os concelhos fizessem o mesmo que nós, possivelmente teriam todos a mesma visibilidade ao nível do cante. Se calhar é por isso que às vezes Serpa aparece ligada ao cante, não só pela questão da candidatura, mas também pelo trabalho de casa. Não queremos tomar conta do cante alentejano. Apenas cantamos aquilo que sabemos e cantamos com a vontade que temos.
Como está a situação da passagem do Hospital de São Paulo para a Santa Casa da Misericórdia?
A Câmara Municipal de Serpa está contra qualquer transferência de um serviço que está sob a alçada do Ministério da Saúde para qualquer tipo de instituição, independentemente de ser uma IPSS. Entendemos que o Hospital de São Paulo deve continuar sob a alçada do Ministério da Saúde, porque só assim é que podemos ter um serviço público de qualidade.
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REPAREM NA ULTIMA PERGUNTA E COMENTEM........
ResponderEliminarApoiado. As Mesericordias não governam bem o hospital
ResponderEliminarO hospital já foi da mesericordia e vejam no que deu