Grupo de peritos, nomeado pelo Governo, para estudar a organização dos serviços de saúde em Portugal propõe o encerramento de dez urgências, entre elas está a de Serpa. Tomé Pires, vice-presidente da autarquia serpense, considera “caricato este relatório apontar para o encerramento de um serviço que nunca chegou a existir”, avançou que “a petição pela manutenção e reposição dos serviços do Hospital de S. Paulo vai ser discutida, no Parlamento, no dia 25 deste mês” e assegurou que se vai continuar a lutar pela criação de um Serviço de Urgência Básico em Serpa”.
A Comissão Técnica, nomeada pelo Ministério, para estudar a organização dos serviços de saúde em Portugal já apresentou o seu relatório, propondo o encerramento de dez urgências, entre elas está a de Serpa. O documento do grupo de peritos aponta ainda, entre outras medidas, para um agravamento das taxas para moderar as idas às urgências.
A Voz da Planície ouviu o vice-presidente da Câmara de Serpa sobre a perspectiva de fecho do Serviço de Urgência Básico do Hospital de S. Paulo. Tomé Pires, que também integra a “Plataforma Saúde”, referiu que “este é o tão aguardado e anunciado relatório” e considerou “caricato o facto deste, documento apontar para o encerramento de um serviço que nunca chegou a existir em Serpa”.
O autarca prosseguiu frisando que “este é um relatório que levanta muitas dúvidas e questiono-me como foi possível os peritos não terem verificado que este serviço nunca chegou a ser efectivado”. Tomé Pires recordou que “a implementação de um Serviço de Urgência Básico em Serpa é uma das reivindicações da petição pela manutenção e reposição dos serviços do Hospital de S. Paulo, que foi entregue na Assembleia da República (AR)” e que “a luta pela sua concretização vai continuar”.
O vice-presidente da autarquia serpense avançou ainda, à nossa estação que “a petição vai ser discutida, no Parlamento, no dia 25 deste mês” e que “depois das várias reuniões realizadas com todos os grupos parlamentares ficou a promessa de alguns, em particular os que não estão ligados ao Governo, de defenderem na discussão que marca a última sessão parlamentar, a manutenção dos serviços do Hospital de S. Paulo e a reposição de alguns que perdeu. Está-se a contar também com a apresentação de projectos de resolução sobre esta matéria e por tudo isto vai ser necessário aguardar pelo desfecho de todas estas questões para se decidir depois o que fazer. Fica a certeza contudo, de que Serpa não vai ficar calada".
O encerramento do Serviço de Urgência Básico em Serpa não é a única medida apontada neste relatório que afecta a área de abrangência da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA). O documento refere, igualmente, que o Hospital polivalente que serve o Baixo Alentejo deverá passar a ser o de Faro e não o de S. José, em Lisboa, como até agora.
No relatório, o grupo de peritos, liderado pelo médico Artur Paiva, defende que 99,9 por cento da população portuguesa fica a menos de 60 minutos de uma urgência e que 94,9 por cento fica a menos de meia hora.
Recorde-se que neste documento é sugerido o aumento das taxas para evitar a procura excessiva dos serviços de urgências e que os centros de saúde têm de dar resposta às situações agudas, mas não urgentes, criando horários de atendimento para consultas não programadas. O grupo de peritos afirma também que devem ser criados indicadores nos centros de saúde associados a metas para reduzir a procura das urgências no hospital de referência.
Outra questão abordada tem que ver com as equipas que trabalham nas urgências dos hospitais.O relatório admite que os profissionais estão desmotivados e sugere que seja adoptado o modelo de equipas dedicadas à urgência, ou seja, médicos que trabalham apenas na urgência. É dito ainda, que neste modelo, não cabem os médicos contratados através de empresas externas.
Contactado pela Renascença, o gabinete de Paulo Macedo afirmou que, em última instância, o Governo até pode não aplicar qualquer das recomendações do grupo de trabalho. A partir de agora, referiu ainda o gabinete do ministro à Renascença, esta proposta vai ser amplamente discutida, nomeadamente nas administrações regionais de saúde, e que o Ministério "está aberto a contributos vários".